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A verdadeira sabedoria é saber o quão pouco nós realmente sabemos.

Sócrates

01/11/2013

Período Helenístico

Período Helenístico

A palavra “helenística” deriva de helenismo, termo que corresponde ao período que vai de Alexandre Magno, o macedônico, até o da dominação romana (fim do séc. IV a. C. ao fim do séc. I d.C.). Alexandre foi o grande responsável por estender a influência grega desde o Egito até a Índia.

A filosofia helenística corresponde a um desenvolvimento natural do movimento intelectual que a precedeu e torna a defrontar-se muitas vezes com temas pré-socráticos; porém, sobretudo ela é profundamente marcada pelo espírito socrático. A experiência com outros povos também lhe permitiu desempenhar certo papel no desenvolvimento da noção de cosmopolitismo, isto é, da ideia de homem como cidadão do mundo.

As escolas helenísticas têm em comum a atividade filosófica, como amor e investigação da sabedoria, sendo esta um modo de vida. Elas não se diferenciavam muito na escolha da forma de sabedoria. Todas elas definiam a sabedoria como um estado de perfeita tranquilidade da alma. Nesse sentido, a filosofia é uma terapêutica dos cuidados, das angústias e da miséria humana, miséria resultante das convenções e obrigações sociais.

Todas as escolas helenísticas trazem certa herança socrática ao admitir que os homens estão submersos na miséria, na angústia e no mal, porque estão na ignorância; o mal não está nas coisas, mas no juízo de valor que os homens atribuem a elas. Disso decorre uma exigência: que os homens cuidem de mudar radicalmente seus juízos de valor e seu modo de pensar e ser. E isso só é possível mediante a paz interior e a tranquilidade da alma.

Cinismo

O Cinismo foi uma corrente filosófica fundada por um discípulo de Sócrates, chamado Antístenes, e cujo maior nome foi Diógenes de Sínope, por volta de 400 a.C., que pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos. O termo passou à posteridade como caracterização pejorativa de pessoas sem pudor, indiferentes ao sofrimento alheio.

A palavra deriva do grego kynismós, chegando até o presente pelo latim cynismu. A origem do termo, porém, é incerta: Alguns autores afirmam que o nome originou-se do local onde Antístenes teria fundado sua Escola, o Ginásio Cinosarge, ao passo que outros afirmam ser um termo derivado da palavra grega para cachorro: kŷőn, kynós, numa analogia com o fato de os cínicos pregarem uma vida como a dos cães, na ótica das pessoas contemporâneas.

Os “cínicos” defendiam que a verdadeira felicidade não dependia de coisas exteriores, como o luxo material, o poder político e uma boa saúde. A verdadeira felicidade significava não se tornar dependente dessas coisas casuais e passageiras. Precisamente por não repousar sobre essas coisas, a felicidade podia ser alcançada por todos. E uma vez alcançada não se podia voltar a perder.

O cínico mais conhecido era “Diógenes”, um discípulo de Antístenes. Conta-se que morava num tonel e que só possuía um manto, um bastão e um saco para o pão. (Não era fácil roubar-lhe a sua felicidade!). Há histórias que afirmam que ele chegou a viver dentro de um barril, nu, e ridicularizava todos os cidadãos e seus hábitos com um humor implacável.

Certo dia, estava a tomar um banho de sol à frente do seu tonel quando Alexandre Magno o visitou. Alexandre apresentou-se ao sábio e disse-lhe que lhe daria o que ele desejasse. Diógenes pediu a Alexandre que não lhe tapasse o sol. Foi assim que Diógenes demonstrou que era mais rico e mais feliz do que o grande homem. Tinha tudo o que desejava.

Epicurismo

Epicuro acreditava que o maior bem era a procura de prazeres moderados de forma a atingir um estado de tranquilidade (ataraxia) e de libertação do medo, assim como a ausência de sofrimento corporal (aponia) através do conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. A combinação desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada. Embora o epicurismo seja doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo (já que declara o prazer como o único valor intrínseco), a sua concepção da ausência de dor como o maior prazer e a sua apologia da vida simples tornam-no diferente do que vulgarmente se chama “hedonismo”.

Epicuro vê na filosofia o caminho para alcançar a felicidade, entendida como libertação das paixões. O valor da filosofia é, pois, puramente instrumental: o seu fim é a felicidade.

Mediante a filosofia o homem liberta-se de todo o desejo inquieto e molesto; liberta-se também das opiniões irracionais e vãs e das perturbações que delas procedem.

A investigação científica destinada a investigar as causas do mundo natural não tem um fim diferente. "Se não estivéssemos perturbados pelo pensamento das coisas celestes e da morte e por não conhecermos os limites das dores e dos desejos, não teríamos necessidade da ciência da natureza" (Máximas capitais, 11). O valor da filosofia está, pois, inteiramente em dar ao homem um "quádruplo remédio":
Libertar os homens do temor dos deuses, demonstrando que pela sua natureza feliz, não se ocupam das obras humanas.
Libertar os homens do temor da morte, demonstrando que ela não é nada para o homem: "quando nós existimos, não existe a morte; quando a morte existe, não existimos nós" (Ep. a Men., 125).
Demonstrar a acessibilidade do limite do prazer, isto é, o alcançar fácil do próprio prazer;
Demonstrar a distância do limite do mal, isto é, a brevidade e a provisoriedade da dor.

Os epicuristas e a morte:

Para os epicuristas, simplesmente não faz sentido se preocupar com ela. Acompanhe, leitor, o raciocínio: quando um ser humano existe, a morte não existe para ele. Quando ela existe, ele é que não existe mais. Assim, nós nunca nos encontramos com nossa morte – nossa existência nunca se dá ao mesmo tempo da existência dela. Logo, ocupemos nossas mentes com a vida e desfrutemos dela.

E qual é o maior bem que podemos usufruir? O prazer. Ah, o prazer! Mas, calma lá. A noção de prazer, no epicurismo, é extremamente refinada. Não se trata de uma busca desenfreada pela fruição do momento presente, como era para outro grego, Aristipo de Cirene (435-366 a.C.), conhecido por pregar o hedonismo.

O prazer do epicurismo é calmo e sereno. O sábio deve evitar a dor e as perturbações, levando uma vida isolada da multidão, dos luxos e excessos. Colocando-se em harmonia com a natureza, ele desfruta da paz. Epicuro condena a renovação a qualquer preço e a ânsia pela mudança, pregando uma espécie de prazer tranquilo.

Para vivenciar esse prazer, é fundamental evitar a dor, como ensina o quarto remédio de Diógenes. A tarefa não é difícil para Epicuro. Diferentemente da postura desapegada em relação ao passado e ao futuro, característica dos seguidores do estoicismo – corrente filosófica contemporânea e rival à de Epicuro –, os epicuristas afirmavam que, para amenizar momentos dolorosos, nada como se lembrar de alegrias passadas ou criar expectativas felizes em relação ao futuro. E não pense que o mestre ensinava sem conhecimento de causa: ele mesmo sofria dores constantes, em virtude de uma grave doença que o acompanhou em grande parte da vida.

Estoicismo

O estoicismo é uma escola de filosofia helenística fundada em Atenas por Zenão de Cítio, no início do século III a.C.. Os estóicos ensinavam que as emoções destrutivas resultavam de erros de julgamento, e que um sábio, ou pessoa com "perfeição moral e intelectual" não sofreria dessas emoções.

Os estóicos preocupavam-se com a relação activa entre o determinismo cósmico e a liberdade humana, e com a crença de que é virtuoso manter uma vontade (denominada prohairesis) que esteja de acordo com a natureza. Por causa disso, os estóicos apresentaram a sua filosofia como um modo de vida, e pensavam que a melhor indicação da filosofia de uma pessoa não era o que teria dito mas como se teria comportado.

Eles enfatizavam a ética como o foco principal do conhecimento humano, embora suas teorias lógicas fossem de mais interesse para os filósofos posteriores.

O estoicismo ensina o desenvolvimento do auto-controle e da firmeza como um meio de superar emoções destrutivas, a filosofia defende que tornar-se um pensador claro e imparcial permite compreender a razão universal (logos).

Um aspecto fundamental do estoicismo envolve a melhoria da ética do indivíduo e de seu bem-estar moral: "A virtude consiste em um desejo que está de acordo com a Natureza". Este princípio também se aplica ao contexto das relações interpessoais; "libertar-se da raiva, da inveja e do ciúme", e aceitar até mesmo os escravos como "iguais aos outros homens, porque todos os homens são igualmente produtos da natureza".


Uma característica distintiva do estoicismo é o seu cosmopolitismo: todas as pessoas são manifestações do espírito universal único, e devem, de acordo com os estóicos, em amor fraternal, e ajudarem-se uns ao outros de maneira eficaz.

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